Histórico do Igeo
Texto do Prof Raphael Copstein, publicado no volume comemorativo aos 25 anos do Curso de Geologia. (Modificado e atualizado pelo Prof. Iran Carlos Stalliviere Corrêa-2007). |
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O atual Curso de Geologia tem suas raízes na extinta Escola de Geologia, fundada na segunda metade da década de cinqüenta.
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Prédio do "Chateau" que cediou aulas do Curso de Geologia até a mudança para o Campus do Vale em 1986. | ||||
O crescimento do País e a necessidade de obtenção de independência econômica em diversos setores da economia nacional passaram a exigir técnicos que as instituições existentes não tinham condições de satisfazer. Entre estes setores, o relacionado com o domínio dos conhecimentos geológicos sobressaía-se pela modéstia. Respondendo a inequívoca pressão de uma exigência nacional, criou-se no âmbito do Ministério de Educação e Cultura a " CAMPANHA DE FORMAÇÃO DE GEÓLOGOS " - CAGE. Coube-lhe a patriótica tarefa de armar o país com pessoal, quantitativa e qualitativamente, capaz de satisfazer tanto a demanda dos órgãos públicos como a da iniciativa privada. Para conseguir seu desiderato, articulou recursos financeiros existentes e criou quatro Cursos de Geologia. O Rio Grande do Sul, onde a Universidade dispensava certa atenção a disciplinas geológicas, foi contemplado com um deles. CAGE e Rio Grande do Sul, através da Universidade, trabalharam celeremente. Formada a Comissão em 11 de janeiro de 1957, já em abril, sob sua égide, instalava-se o primeiro Curso de Geologia.
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Excursão à região de Lajes da 2ª Turma de Geólogos em 1960, com as caminhonetes americanas Apache. Na porta dos carros, a informação "CAGE". Participavam da excursão Flávio Koff Coulon, Heinz Peter Lindstaedt, Franz Semmelmann, Leonardo Mangeon, Zuleika Lopes Carreta, Carlos Alfredo Bortoluzzi e outros, com os professores Robert Hamilton Morris e Max Troyer. Fotografia gentilmente cedida pelo Prof. Heinz Peter Lindstaedt . | ||||
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Excursão de Campo da Turma de 1957. Ônibus pertencente a Escola de Geologia | ||||
Desde o momento inicial, a Coordenação do Curso de Geologia passou a ter preocupação quanto à excelência dos componentes do corpo docente. Para sua organização selecionou, no meio sul-rio-grandense, os mais gabaritados. Apelou para a colaboração de pessoas experientes tanto na Universidade do Rio Grande do Sul como em outras entidades como o Departamento Autônomo do Carvão Mineral, o Instituto Tecnológico do Rio Grande do Sul, a Secretaria da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, entre outros. Procurando especialistas não existentes aqui, chamou elementos do estrangeiro. O "Servicio Geologico Del Uruguay", através do USAID o " United States Geological Survey" e " Lousiana Coastal Institute" e posteriormente os governos alemão e francês forneceram preciosa colaboração. Presenças iniciais e constantes através do tempo têm sido o Conselho Nacional de Pesquisas e a Campanha de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
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A rapidez com que foi posto a funcionar e a própria conjuntura, não permitiram sediar o curso em instalações satisfatórias. O extinto Instituto de Ciências Naturais e os Institutos de Física e Química da Escola de Engenharia foram os abrigos de suas primeiras secções. Na medida em que cresceu, foi se expandindo por diversos prédios do quarteirão universitário, alguns de construção precária, outros de escassa adequação. O espírito estudantil, naturalmente irreverente, batizou-os com denominações pitorescas (Chatô, Palácio, etc..).
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Laboratório de Sedimentologia – Prédio do Chateau | ||||
As dificuldades apresentadas pelo espaço físico foram superadas pela capacidade e ânimo do corpo docente, organização impressa pela Coordenação e entusiasmo dos primeiros discentes. O curso foi programado com quatro séries, cada uma com duração de um ano, e 25 vagas. Suas atividades, ainda na primeira fase pioneira, não se cingiam à duração do ano letivo consagrado na Universidade. O curriculo, em uma antecipação do que a última reforma propiciou a todos os universitários, oferecia ensino obrigatório de línguas abrindo, assim, as perspectivas de consultar a melhor bibliografia existente e o maior contato com os mestres que tinham, no inglês, a língua materna.
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Mostruário de paleontologia no corredor do Instituto de Ciências Naturais. | ||||
Os altos níveis alcançados pelo ensino e pesquisa cedo deram frutos. Iniciado o Curso de Geologia em abril de 1957 (aula inaugural), dois anos após a Comissão Coordenadora da CAGE, em resolução que constituiu um marco na História da Geologia Nacional, transformou-a na primeira Escola de Geologia do país. Era coordenador o Professor Dr. Irajá Damiani Pinto que, poucos dias após o início do curso (26 de abril de 1957) assumia aquele posto em substituição ao Professor Athos Pinto Cordeiro. O Dr. Damiani Pinto permaneceu à testa da Geologia por 11 anos.
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Sala que servia de Museu de Mineralogia e Petrologia (1º Plano); Sala de aula (2º Plano) e Gabinete de Pesquisa (ao fundo), no Instituto de História Natural. | ||||
Ligada à Universidade do Rio Grande do Sul por vários liames, a Escola de Geologia, entretanto, não a integrava como uma de suas instituições. Somente em 1965, extinta a CAGE, a Escola de Geologia de Porto Alegre passou a ocupar a posição que lhe era devida no âmbito educacional superior, sendo incorporada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Não dispondo de congregação, coube ao Conselho Universitário, em virtude da legislação vigente, as atribuições inerentes àquele órgão acadêmico. A autonomia plena foi alcançada em 1969, quando medida legal possibilitou a instalação de sua primeira congregação.
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Acampamento da Turma de 1962, nos meses de janeiro e fevereiro na região de São Sepé. | ||||
No ano de 1968 iniciaram-se os Cursos de Mestrado e Doutorado. Estes obtiveram seu reconhecimento pelo Conselho Nacional de Pesquisa, sendo o Mestrado aprovado em 04 de junho de 1969 e o Doutorado em setembro de 1972. Através do Processo nº 116 de 1972, o Conselho Federal de Educação reconhece o Curso de Pós-Graduação em Geociências, em nível de Mestrado e Doutorado.
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Formandos no trabalho de Graduação de 1961 em Caçapava do Sul. | ||||
No início de 1973, em virtude de eficiência demonstrada pelo Curso de Pós-Graduação, o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) reconheceu-o como Centro de Excelência, podendo ministrar cursos de mestrado e doutorado em Estratigrafia, Geologia Marinha, Geoquímica, Micropaleontologia e Paleontologia. Atualmente (2007), além das citadas pós-graduações, o Instituto de Geociências ministra em nível de graduação, cursos de Geologia, Geografia e Engenharia Cartográfica, segundo currículos organizados pelas respectivas Comissões de Graduação, COMGRAD/GEO - Comissão de Graduação de Geologia, COMGRAD/GEA - Comissão de Graduação de Geografia e COMGRAD/CAR – Comissão de Graduação de Engenharia Cartográfica. Em Geografia oferece as porções herdadas da Faculdade de Filosofia, o Bacharelado e a Licenciatura. Para a consecução das tarefas docentes em graduação, o Instituto possui os seguintes departamentos: Geografia, Geologia, Mineralogia e Petrologia, Paleontologia e Estratigrafia e Geodésia. Atendem os cursos específicos e ainda ministram aulas, em sua especialidade, para os Cursos de Engenharia de Minas, Engenharia Química, Engenharia Metalúrgica, Agronomia, Arquitetura, Ciências Biológicas, Ciências Sociais, História e Engenharia Civil. Integram o Instituto, como órgãos auxiliares, o Centro de Investigação do Gondwana (CIGo), o Centro de Estudos de Geologia Consteira e Oceânica (CECO) e o Centro de Estudos em Petrologia e Geoquímica (CPGq). O Instituto de Geociências conta ainda com uma muito bem estruturada Biblioteca, considerada uma das melhores do Brasil e em alguns campos especializados, das melhores internacionalmente.
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